Bom, este é o último post do DL 2012 e eu estou muito feliz por ter finalmente completado um Desafio Literário! As leituras que me acompanharam este ano me fizeram muito bem pois me proporcionaram momentos de prazer sem esforço. Dezembro chegou e com ele Neruda me ajudou a fechar 2012 com chave de ouro. Confesso que tive um pouco de dificuldade em manter a leitura num bom ritmo. Acabei lendo muitos sonetos juntos, e pelo menos pra mim deu pra perceber que esse é o tipo de leitura que se faz com mais tempo, saboreando cada frase. Ler os sonetos me trouxe boas recordações, embora no final tenha sentido que talvez meu dezembro estava precisando mesmo é de mais Cora Coralina do que de Pablo Neruda! É, romantismo é legal, mas não me sinto uma pessoa romântica.
Para quem não conhece, Neruda foi um poeta chileno muito respeitado e escreveu Cem Sonetos de Amor no final da déc. de 50! Dá pra perceber o quanto o romantismo da época era forte e o quanto dele se modificou. Basicamente o livro se divide em quatro partes: Manhã, Meio-dia, Tarde e Noite. A Manhã é o momento de mais paixão e desejo, assim como o Meio-dia é o momento de mais sossego do amor. A Tarde eu interpretei como o início do fim e a Noite é a representação da morte do amor, do fim. Cada um desses momentos tem uma quantidade diferente de sonetos e foi escrito em homenagem à mulher de Neruda, a Sra. Matilde Urrutia. Já pensou? Honra, né? Mas é aquilo, ler o livro me deu mesmo a certeza de que eu me canso de tanto romantismo, ou pelo menos esse tipo em que o amor é meio etéreo, inalcançável e perfeito. Neruda até que deixa a gente meio confuso quando descreve beleza da mulher dele e dá pistas de que ele não a vê tão perfeita assim! O que me chamou muito atenção foi a representação da morte de Matilde e o sentimento de que nada nem ninguém poderá ocupar o seu lugar no coração do poeta. Essa perda deve ser algo muito difícil de superar e ele conseguiu expressar de um modo tão bonito…e eterno.
Deixo um trecho de um soneto que gostei muito para finalizar. Pelo que podem comprovar, gostei mesmo é da parte da Manhã e do seu erotismo!
Ay, amar es un viaje con agua y con estrellas,con aire ahogado y bruscas tempestades de harina:
amar es un combate de relámpagos
y dos cuerpos por una sola miel derrotados.
Beso a beso recorro tu pequeño infinito,
tus márgenes, tus ríos, tus pueblos diminutos,
y el fuego genital transformado en delicia
corre por los delgados caminos de la sangre
hasta precipitarse como un clavel nocturno,
hasta ser y no ser sino un rayo en la sombra.
(Soneto XII)